quarta-feira, 15 de maio de 2013

Caro Alfred Fessard,

        Procurei teu nome em enciclopédias e em listas telefônicas... em sites, em bibliotecas, só achei um texto em francês de uma moça sobre você. Dizia ela, por intermédio de meu dicionário bilíngue, que tu tivera contatos com os maiores e mais belos intelectuais de sua geração, Darwin, Wundt, James... e até mesmo com aquele eugênico do Galton; Pois bem, não consegui muito bem entender a sua teoria sobre a consciência em seres ilusórios, teria os meus seres inconscientes um mínimo de consciencia? Não sou capaz de ter consciência sobre minha totalidade, mas os seres, as pessoas que gero em minha mente possuem esse dom? Ou seja, sou puraS matériaS ambivalenteS conflitanto ou somos em minha mente um nós e não um ego cartesiano? Infelizmente soube, por intermédio da moça francesa, que você morrera de solidão e embriaguez... bem típico senhor Zard! Mas se ainda tiver um tempo para transitar do mundo dos mortos para este paraíso, prometa que trará mais teorias! Aliás, traga mais perguntas pra cá, prometa! Sei que na sua época os homens eram perseguidos por perguntas, mas os tempos mudaram, agora somos perseguidos e abusados por respostas! Bombardeados por informações, e por incrível que pareça, mesmo morta, Clarice Linspector continua compondo novas frases para o seu público, por isso tenho esperanças que um dia você também continua produzindo algum conhecimento... mesmo morto poderíamos passar horas discutindo alguma coisa que não seja religião, homosexualidade ou corrução, talvez, mesmo que eu não esteja mais acostumado, talvez... Mas me diga, você é brasileiro, certo? E o único fragmento sobre sua vida está em francês, como isso aconteceu? Além disso, por que não publicou nenhum livro? Pretende ainda mandar seus textos para serem organizados em uma editora, com uma capa misteriosa e um título bacana, para ficar exposto no miúdes de uma livraria competindo com livros de obviedades? Bem, desejo que você tenha bons momentos aí em baixo com os demônios de sua razão, não se esqueça de traçar pactos com esses tais filósofos existencialistas, te dará um pouco de esperança... talvez!

Um grande aperto de mão, e uma boa não vida!
                                   De um desconhecido, leitor de obras sobre autores

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